quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A pieguice do amor

O amor que vale à pena viver é piegas e não se envergonha, pelo contrário, se exulta e se satisfaz em cada excesso – excesso de vida. Para ele, seus dias na Terra é apenas um apreciar de rosas e paisagens. É um instante de liberdade, neste automatismo que chamamos de existência.

O amor que vale à pena viver se constrói nos versos, se sente entre os beijos, entre os abraços e de tão intenso não cabe em si.

O amor que vale à pena viver é aquele que levanta bem cedo, apenas para preparar um café-da-manhã e ver brilhar os olhos do amante. É aquele que se satisfaz pelo simples prazer de observar o sono do ser amado ou de ser acordado com um beijo inesperado.

O amor que vale à pena, se reconhece em um outro olhar - no silêncio, naquele instante mítico em que as almas se encontram e o tempo pára.


Sim, o amor que vale apena viver é piegas. É ridiculamente sensível e precisa de cuidados especias. Precisar ser alimentado, precisa de carinho, precisar ser entendido. Não adianta achar quele vai sobreviver sozinho, porque não vai. Vai definhar e morrer, sufocado pelas brigas e pelas palavras ditas em pensar.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Amor póstumo

Eu deixaria, sem temor, que partissem de mim todas as lembranças daquela noite, porque a presença de tuas mãos nas minhas e do teu corpo próximo (ainda que distante), nada e nem ninguém - nem mesmo o tempo, senhor dos destinos - será capaz de extinguir. E mesmo que teus lábios, secos e cheios dúvidas, não procurem os meus neste amanhã que se aproxima, serás eterna e única em minha mente - Um jeito de amar que já nasceu póstumo e que de tão intenso, coube apenas aos versos.


depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...