quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Do outro lado do Rio

Ontem perdi um amor, em razão,
em postas de vento
(pelos dedos escorrendo,
em partes pequenas de não).

Ontem a noite não veio.
Não veio sonho
ou esperança. Em razão,
o dia também não passou,
perdi-me no tempo - entre brumas e ilhas

Ontem, dois passos secaram,
duas estradas se perderam:
sem caminho, sem horizonte
e sem função.

Um vento invadiu o quarto,
alojou-se nos móveis e nos livros,
levantou a coberta e desligou a televisão
(não havia riso do outro lado do rio)

Refém do amor, busquei o verso,
busquei-te em verso, mas
você não estava - não me via.
               
Em partes:
um passo de ontem,
um beijo do ontem,
um ontem de amor.

depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...