terça-feira, 22 de julho de 2014

Um pouco de amor

Um pouco da serra em teu reflexo,
um pouco de espera
e do teu castanho jeito de ver
- sem luz, sem esperança,
                                     sem danação.
Vermelho o beijo que não vêm.

Um pouco do teu pêlo,
      um pouco do teu gosto,
um pouco do teu pouco permanece,
                                   me enternece.

Um pouco do teu silêncio,
do teu vermelho – espelho. 
Um pouco é exagero poético,
vontade de verso
                         (grafismo que não passa).

Além do pouco é certeza de morte,
é beijo que não seca
                        resseca:
Helena espera, a espera...
                       infinita espera.

Anoiteço um dia sem amanhã
e cansado
visto-me de santo
e sem espanto
                    nego o sorriso
                            e o sorrir.

Um pouco de tudo é poema,
outro pouco
é a vida que não se deixar versar.

domingo, 6 de julho de 2014

A casa na margem do mundo

Procuro meu mundo sem casaco, espaços
ou arabescos.
Me dispo de formas, de contas e de “ismos”.

Recolho meus medos 
e a esperança que versa do pós,
puro intento pendulado na beira do abismo

Sou todo desejo e processo,
esticado entre o passado e o futuro
- maldita ânsia, dorido tremor.

Adeus à deus - lágrima tardia.
Sou todo nada, espero o Nada. 
Eu tenho tudo.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Poema sobre a falta de Mar

Me visto de cacos
de casos. Sou feito de partes,
pedaços de sim e ilhas de “não”.

Caminho sem rumo:
dois dedos de prosa,
duas gotas de esperança.
Diversas são as faces do amor.

Aprumo e saio do prumo.
Em um ponto de só
saudade sobre o papel, paixão e papel.

Rabisco lágrimas, afino poesia
e pinto sua falta

- depois da areia, "não-Mar". 

depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...