sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Música infinita

Procuro o verso escondido no peito, 
transmutado, transmutando em sonhos 
e aspirações. 

Sou todo letra e ponto e, 
como ponto, 
sou encontro e também desencontro. 
Sou muitos de mim 
e apenas um, 
mundo de "nós" nas mãos do Eu. 

Procuro um tempo desligado das horas 
e me dispo em versos para não me achar. 
Ecoa um traço vida por entre meus dedos, mas 
apenas ilha vislumbro no espelho... 

Uma casa vazia, perdida
e sem paredes; 
sem chão ou telhado
- universo de só. 

Poesia aspiro
e expiro, 
exprimo tentando entender.

Sou falso limite no limite falso do mundo. 
Me equilibro entre a esperança e a descrença. 
Sou forte,
porém não resisto a saudade 
e poeto o beijo que não quer secar, 
que parece não tem fim. 

Ogiggia perdeu-se no tempo, 
não há paraíso, 
apenas um verso tatuado na Terra. 
Tudo que vejo, que bebo,
me consome 
e me deixa após, 
ou antes - nada me toca com indiferença. 

Não tenho cura - me pergunto,
por vezes,
se hei de querê-la. 

É difícil viver do outro lado,
perdido em cores 
e sem a madureza que nos permite Ser. 

Em verdade não Sou nunca, 
vestido de Estou declamo um amor que nunca se completa.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Anoitecer

Foste o mais belo de todos os meus amores,
amanheceste 
como luz que não se enxerga,
como bondade que não se enverga.
Ainda guardo dentro outro amor,
outro corpo 
saturado na retina, mas
longe de ti nada mais faz sentido.

Amanheceste e não encontro mais anoitecer. 

depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...