sexta-feira, 18 de março de 2016

Um pouco da Atriz

Um pouco do teu beijo nunca dado, 
Um pouco do teu Não 
                                e do outro 
                                e do outro... 
                                maldita insistência. 


Existência maldita? Não, 
um pouco do teu riso 
                é muito neste mundo de pouco. 

Escravizo-me do nome que já não se diz 
                     do rosto que não se vê 
                     e do perfume que não se sente, mas 
que se espalha, esgaça 
e feito fantasma: 
persegue o rastro de meus poemas, 
o rosto dos meus sonhos 
e toma posse do aroma de minha solidão. 

Um pouco de todo desejo é carência, dorida ausência, mas 
outro pouco é o acumulo de risos 
                   e o silencio constrangedor. 
- Sabe? 

Já não sou caminho 
e dois passos depois retorno uma vida inteira. 


Tenho medo do escuro 
                   e da saudade, 
não tenho a coragem dos que ignoram. 


Depois de trinta e três voltas pelo Sol 
respiro vazio 

                    e mergulho em negação. 

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Um jeito de Ser pelo vento



Enquanto não me vou pelo vento,
arranho os dedos na areia
em busca de versos inacabados
- atire a primeira pedra,
a primeira espera,
a esperança da primavera quem...

Enquanto não me vou,
Procuro-me no íntimo de cada desejo
e me liberto da infinita vontade de Ser,
De ter,
de crer,
 de ver... Eu sou
- à revelia de cada “não-ser” que me habita.

Enquanto Não,
mergulho nas águas de cada sonho
e expresso Vida por toda parte:
na vontade do desespero,
no Amor renascido pelo abandono,
na tristeza de cada mudança
e na graça singela de um novo dia.

Enquanto não me vou pelo vento
o vento me venta Enquanto.

depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...