Um pouco do teu Não
Existência maldita? Não,
um pouco do teu riso
é muito neste mundo de pouco.
Escravizo-me do nome que já não se diz
do rosto que não se vê
e do perfume que não se sente, mas
que se espalha, esgaça
e feito fantasma:
persegue o rastro de meus poemas,
o rosto dos meus sonhos
e toma posse do aroma de minha solidão.
Um pouco de todo desejo é carência, dorida ausência, mas
outro pouco é o acumulo de risos
e o silencio constrangedor.
- Sabe?
Já não sou caminho
e dois passos depois retorno uma vida inteira.
Tenho medo do escuro
e da saudade,
não tenho a coragem dos que ignoram.
Depois de trinta e três voltas pelo Sol
respiro vazio
e mergulho em negação.