segunda-feira, 19 de junho de 2017

Um poema sobre a dama do mundo

Eu ainda caminho, depois
e depois... 
Já não sinto meus pés 
e meus passos também já não encontro
- sou todo horizonte.

Teu quarto
                 é
                    apenas 
                                Lembrança.
Será esperança?

Ainda gosto de ouvir o som da chuva batendo no toldo.
Eu era o Toldo?
Você era a Chuva?
Maldita mania de não se abrir,
de se entregar apenas aos versos.
Já não tenho mais metáforas para decifrar,
apenas o frio de uma noite
                      e um desejo infinito.

Teus pelos castanhos,
tua pele marfim,
o jeito que seu corpo mergulhava no meu. 

Ninguém jamais me olhou como você, 
Ninguém jamais me olhou,
ninguém... 

Escolhi o certo, fui correto, mas
Deus sabe quantas vezes desejei você.
te amei na distância,
             no vazio,
             na saudade que jamais soube apascentar.

Submerso no tempo,
em retalhos
do nosso primeiro instante,
"nos nous aimions
le temps d'une chanson". 

depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...