terça-feira, 27 de março de 2018

Um encontro com Lou

O último som de barca atravessa em direção ao rio de janeiro,
faz frio em Niterói
e
pouquíssimas pessoas andavam pelas ruas, menos ainda como nós – sem pressa, perspectiva ou querendo chegar. Era,
talvez,
a certeza de que aquela noite seria única. Algumas prédicas dão certo,
enquanto outras: 
se encerram numa noite cinza, numa voz cinza, com roupas cinzas, num quarto com ventilador quebrado.  

Não sei exatamente quanto tempo durou nosso trajeto, minutos talvez, mas
o restante daquela noite e, principalmente, a forma como me acolheu,
ainda ressoa por dentro .
Sabe,
voltar no tempo não é uma possibilidade, mas
já pensei (algumas vezes) que Deus poderia ser meu filho,
é tão triste pensar nisso
- você sabe do meu afeto por crianças.

Ainda ouço a chuva cair no Toldo, por isso nunca quis colocá-lo em nenhuma das minhas casas. Se me concentrar, sem exageros, ainda consigo ouvir o teu “canalha”, ainda,
depois
de
tanto
tempo.
Sinto que eu deveria ter escolhido outra estrada. Mas,
os caminhos do tempo não podem ser refeitos e, cedo ou tarde, é preciso seguir.

Seguir?
Como se fosse possível, não é mesmo? Estamos presos,
há sete anos estamos presos. Meus erros,
claro,
nos prenderam mais – eu sei. É tão difícil perceber isso...

Foi bom ter me visto em seus olhos, ainda hoje, depois de tanto tempo. Fico feliz que sua vida esteja seguindo e me arrependo de não ter tido força suficiente para estar ao teu lado.
Existe uma espécie de “doutrina do Medo” que, não raramente, controla todas as minhas ações.

Se Deus fosse meu filho, talvez não tivesse medo,
talvez
nossa história não acabasse. Mas,
haverá final para uma noite que não cabe no tempo? 

Não sei, não parece.

Sei que nossa "madeleine" tem sabor de terra molhada
e
que é bom demais te ver sorrindo com os olhos,
depois de sete anos.

depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...