as fôrmas
de todos
formam
tod-s.
A Clarice
a Machado de Assis
Espero,
mãos pensas e corpo curvo,
tal qual O Itabirano,
este
que
de literato virou bruxo
e de bruxo Imortal.
Mergulho na máquina, mas
ela some
e não encontro “Cosme velho” no Mundo, vasto mundo
– não ainda, Espero.
Falta-me Poesia? Há quem diga,
eu não
(resquício da pura ousadia Juvenil).
Talvez
a idade não tenha chegado;
há um tempo para tudo,
inclusive para a Ressaca.
I
A solidão do meu passado se esquiva,
se esguia
e, com algum esforço,
encontra a solidão do teu passado.
Todo peso da idade me afasta da espera,
mas continuo. Silenciosamente continuo
e aguardo,
procuro desafogar-me
para não inundá-la com meu amor.
O tempo do beijo não passou,
o tempo do nosso Tempo não passa jamais.
Ainda úmido pela tua boca,
ainda quente pelos teus olhos,
procuro os limites do meu corpo no teu
(ainda que distante,
ainda que distância
ainda que falta).
Dobro-me em poesia na ânsia de te compor para além dos sonhos.
Tenho medo de vê-la partir, de-fi-ni-ti-va-men-te.
Medo bobo
de ter teu corpo se desfazendo em injúrias
e distrações,
de ter teu corpo escapando pelos meus dedos.
O vento da noite atravessou a janela,
faz frio,
uma música me lembra você.
II
A solidão do teu passado me envolve
e
definitivamente
a f a s t a (sem cuidado algum)
a solidão que tentei dividir.
É preciso coragem para
vivenciar
o sagrado momento do instante infinito,
o sagrado momento do silêncio
e de sua maçonaria.
O poema-inútil, o medo-inútil,
a inútil esperança que sinto
retoca as cores de um beijo que não existe mais.
Inundado de espera, teu olhar,
repete o mesmo terço reticente:
o silêncio-vazio do não,
o silêncio-vazio do quarto,
o silêncio-vazio sem marcas.
De nada adianta dobrar-me,
este é um reino do "nós".
Escrevo
sem
te
alcançar.
O vento da noite atravessa a janela,
faz frio,
uma música...
depois sem dispôs, não-tempo; passos sem paço, não-espaços; ví-vida...