quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Amor infinito

Minha letra procura a forma,
a fôrma, mas
não encontra 
- não te encontro; 
habito um vazio-não
(como teus olhos não-castanhos).

Sou todo verso, mesmo depois,
mesmo...

Amor termina em despedida,
mas
ainda 
hoje 
espero,
silenciosa espera; 
silenciosamente
seguro este desejo
e me escondo,
fantasiado de distância.

Será que me engano?
Quem não se engana?

Minha letra vasculha nossas lembranças
- apenas frio;
nada se impõe. 
Minha letra vasculha
nada há.
Onde estão tuas esquinas?

Compor-me em versos é uma saída,
mas
até quando?

O Amor, sempre me parece maior:
maior que o verso,
maior que  beijo,
maior que o corpo,
maior que a vida.

Já não tenho certeza se aquilo que sei
é mesmo sabido.

Todo Amor
é para sempre amável? Não sei,
parece-me que
o limite do amor é a memória.

Esquecer
é 
o
sustentáculo 
de
toda 
sanidade.

Minha Letra não encontra mais tua fôrma, 
mas
a vontade de Amar ainda tem sua cor:
não-castanha.


depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...