por vezes tenho a impressão que sigo numa estrada que jamais terá fim, mas
isso não incomoda. Acostumado com o caminho,
projeto meus dias estacionado no “limite” das minhas possibilidades:
como amigo,
como homem,
como pessoa,
como parceiro.
Não combino as letras pela pretensa angústia que me acompanha, tão pouco “depressiono” os traços do meu horizonte (Severo horizonte),
na expectativa de dar sentido a dor que sinto
e,
com isso,
tornar-se algo para além de poeira das estrelas.
Reconheço os meandros revolucionários da Escrita,
e
como Clarice (armada de seu silêncio)
teorizou sobre as nossas formas de aprendizagem. Mas,
e da Tabacaria apenas o Café me acompanha.
Escrevo para esquecer,
por não suportar-me. Escrevo,
por não ter coragem suficiente para gritar, mas
ainda
O Amor não “resulta inútil”,
O Amor não resulta nada.
Sempre tive medo da morte, mas
hoje me aqueço na generosidade do esquecimento.
assim como esta carta,
assim como o instante fortuito que serenamente torna-se ilusão.
A sensação de eternidade é uma Tola aspiração que oscila ante o Abismo da existência. Encarar o Nada,
foi a forma que encontrei para seguir
– o encantamento da vida é a certeza de sua finitude.
O amor não "é coisa de maduro".
O amor não é coisa.
Há uma beleza infinita no acaso e na combinação aleatória de átomos
que se transformam em corpos
que se transformam em gente
que se enamora fortuitamente
que se sente agraciado pelo toque inesperado do objeto Amado.
Para além dos versos, para além das coisas fugidias,
e
Ter a pretensão de “tornar-se poeta” é uma vaidade que me permito, mas
logo
após
o
poema.
Não existe poeta para além dos versos,
respiro apenas enquanto lido.