quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Uma carta para a dama reluzente

Surdamente, 
como recomendara meu mestre, 
penetro no reino das palavras.
 
Por descuido empresto teu rosto as esquinas
e, 
involuntariamente,
acresço aos dias as marcas dos teus passos.

Surdamemte,
ano após ano,
folheio os livros que não escrevemos.
 
O tempo não passa no reino das palavras
e teu nome salta por entre letras que não encontro.
Você ainda dorme? 
 
Freud 
nos 
une
e a liberdade tem gosto de prisão.
 
Ainda não entendo sua carta, 
talvez por isso ainda escreva
e procure no texto outras formas de compreensão. 
 
No reino das palavras
o Amor se veste de silêncio para enganar os poetas.

depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...