Um corpo que pesa é um corpo que impõe
...prefiro
...prefiro
Sebastião. Reconheço a presença da beleza impávida de Francisco
e
esta masculinidade forte, tolamente forte, penso eu, que ainda atrai há
tantos. Mas,
prefiro Sebastião e suas vielas escondidas, seus lugares isolados, sua fala arrastada, suas mãos malandreadas,
seus
dias quentes e também solitários.
Francisco
é um corpo de santo, mas
é um corpo de santo, mas
carrega em si
as mazelas da adoração inócua,
das verdades em gris
as mazelas da adoração inócua,
das verdades em gris
e impraticadas; seu corpo
quando pesa sobre o meu, desdenha do meu prazer
e comprime não só as minhas partes – todo meu Ser retesa
em medo
e espanto – sinto-me pudíco entre seus braços. Sebastião
quando pesa sobre o meu, desdenha do meu prazer
e comprime não só as minhas partes – todo meu Ser retesa
em medo
e espanto – sinto-me pudíco entre seus braços. Sebastião
é sórdido, tem fama de canalha, mas
não precisa de “mais amor por favor”; Sebastião
transborda amor – mesmo
sendo a sobra
sendo a sobra
das sobras
das sobras
depois de 4 tempos do mesmo Estado.
Francisco,
por sua vez,
nunca será Chico pra mim, sinto-me preso a este exercício Patriarcal
e soberbo
que ele impõe há séculos (antes
e soberbo
que ele impõe há séculos (antes
mesmo
dos séculos). Não existe Chico de frente ao Chico, teus veios jorram sobre mim
e impõe
o tempo de um império que nunca passou
o tempo de um império que nunca passou
e que milicía meus sonhos - que desdenha de meus desejos.
Sinto todo o tempo de não ser Sebastião, sinto
todo o espaço de não ser Sebastião – acostumei-me com sua violência escancarada
e não sei se agüento outro hálito impondo um novo gosto de vida, ou ainda, pior ainda,
outro corpo surrando o meu corpo (desta vez, por dentro,
Sinto todo o tempo de não ser Sebastião, sinto
todo o espaço de não ser Sebastião – acostumei-me com sua violência escancarada
e não sei se agüento outro hálito impondo um novo gosto de vida, ou ainda, pior ainda,
outro corpo surrando o meu corpo (desta vez, por dentro,
l-e-n-t-a-m-e-n-t-e,
fortemente,
como as águas de um rio, de um grande rio)
Francisco é bruto
e
não consigo mergulhar em tuas águas na busca desta soberana paz
desta soberana beleza
deste reino profundo de calmaria. Sebastião
desta soberana beleza
deste reino profundo de calmaria. Sebastião
nunca ocultou suas faces de mim, mostrou-se em ondas,
sem me obrigar a ser outro;
Sebastião me fez e sou todo superfície.