quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Um passo de só

Depois do verso:
   E s p a ç o
- Impróprio e amargo.

Depois do gosto
esperança reza,
  retesa
  velho fardo.

Depois,
Um passo de só:
  Eu-farrapo esperança,
  Vazio
  terço finito.

Perdido em trapos,
me dispo
  e em rastro eu faço
  o que não era fácil:
    sou todo tempo,
    todo vento
    - espero oposto.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Um pouco de tudo

À Carlos Drummond de Andrade
Um pouco de mim, um pouco de tudo,
um pouco do que faço é poesia.
Outro pouco
é o desejo de Não-Ser
e de não ver,
de abandonar a gravata e o chinelo.

O mundo é grande.
O mundo tem cores demais
amores demais
e no “entre”,
escondido em suas linhas,
eu cato as migalhas que sobram
e do meu “eu” teimoso
componho rostos que não conheço.

Um pouco de mim de mim é espaço,
é fantasma, é espectro do que posso
e que não quero poder.

Estou nu, estou velho, mas não há queixas.
Não me queixo,
aceito minha humanidade e suas loucuras.
Sou todo homem, não tenho começo
e nem fim:
me sigo no vento.

Inundado de versos,
sou todo silêncio...



depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...