À Carlos Drummond de Andrade
Um pouco de mim, um pouco de tudo,
um pouco do que faço é poesia.
Outro pouco
é o desejo de Não-Ser
e de não ver,
de abandonar a gravata e o chinelo.
O mundo é grande.
O mundo tem cores demais
amores demais
e no “entre”,
escondido em suas
linhas,
eu
cato as migalhas que sobram
e do meu “eu” teimoso
componho rostos que não conheço.
Um pouco de mim de mim é espaço,
é fantasma, é espectro do que posso
e que não quero poder.
Estou nu, estou velho, mas não há queixas.
Não me queixo,
aceito
minha humanidade e suas loucuras.
Sou todo homem, não tenho começo
e nem fim:
me sigo no vento.
Inundado de versos,
sou todo silêncio...
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