quinta-feira, 1 de agosto de 2019

E eles se amaram

A inspiração transvestiu-se de ousadia
e quando percebi
minha pena se movia na ânsia de escrever sobre o encontro de dois amantes.
Refletindo,
dissecando cada segundo do evento que observava,
dediquei-me ao exercício de escrever apenas o fundamental:

cortei o primeiro encontro dos olhares,
a formação do encanto inicial,
as três viradas da confirmação
e os três encontros fortuitamente calculados;

retirei a indisfarçável respiração ofegante do primeiro "oi",
o suor frio,
o nervosismo incontrolável
e o embrulho no estômago;

deixei o tempo correr livremente,
apaguei os vincos do sorriso bobo,
a alegria injustificada
e a sensação de não caber dentro de si;

detive-me apenas no que havia de mais essencial,
naquilo que, indistintamente, representava a prática de amar;

em suma, deixei no meu texto apenas o que era imprescindível.

O resultado?

E eles se amaram. 

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depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...