A inspiração
transvestiu-se de ousadia
e quando
percebi
minha pena
se movia na ânsia de escrever sobre o encontro de dois amantes.
Refletindo,
dissecando
cada segundo do evento que observava,
dediquei-me
ao exercício de escrever apenas o fundamental:
cortei o primeiro encontro
dos olhares,
a formação
do encanto inicial,
as três
viradas da confirmação
e os três encontros
fortuitamente calculados;
retirei a indisfarçável
respiração ofegante do primeiro "oi",
o suor frio,
o nervosismo
incontrolável
e o embrulho
no estômago;
deixei o tempo
correr livremente,
apaguei os
vincos do sorriso bobo,
a alegria
injustificada
e a sensação
de não caber dentro de si;
detive-me apenas no que havia de mais essencial,
naquilo que, indistintamente, representava a prática de amar;
em suma, deixei no meu texto apenas o que era imprescindível.
O resultado?
E eles se amaram.
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