domingo, 16 de fevereiro de 2020

Conselho do desconhecido

Licença, peço, moço.
Atrapalho?

O senhor tem crença? Descrença?
Olha este Santo
que nem pesa tanto
e, no entanto,
na vida é presença:

Sabe,
aquela desgraceira trapaceira
que "sem eira e nem beira"
enlouquece um homem?
Este, guerreiro dos bom, te protege.

Tem este outro, muito conhecido,
que ajuda o coração partido
do "cabra" ferido onde não sangra.

Tem também este aqui,
que encontra o perdido
em troca do pulinho
e de uma oração.

Tem, por fim, deste grande homem,
que parou a guerra, serenou a fera,
fez do Sol irmão
e tem minha devoção.

Sabe, seu moço,
não importa:
o passo,
se o sapato é gasto,
se o ouro é "forte" ou escaço.

Uma hora pesa a pena
e a coluna dobra;
nossa humanidade é falha,
não suporta a prova,
um dia a alma chora.

Se não quer um santo,
tome um espelho, pra olhar de esguelho
e lembrar dos vincos,
que envolve o corpo - que um dia morto
partirá do porto
e não será mais nada não.

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depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...