quarta-feira, 13 de maio de 2020

Dos vivos sem vitória

Vossa mercê 
sentava em tronos;
era uma pessoa única, mas
com o tempo
ganhou as ruas.

Vossemercê, 
os de posição mediana
que,
apesar de não serem qualquer um,
poderia caber à todos.

Vosmecê,
por sua vez, não tinha autoridade nenhuma;
contraiu-se
e,
no tempo,
virou o outro “vosmicê”.

Você 
veio para substituir o nome próprio,
qualquer nome
de pessoa-qualquer;

VC 
é frio,
grafia internetizada,
marca da pós-modernidade
e de sua velocidade
e distância.

V” 
é a escolha singular
e intuitivamente simbólica, performática.
“V”, aposto, 
será a nova saudação – deste Brasil pós-pandemia.
“V” serão todos, indistintamente.
“V” não será apenas a nova contração vocabular, mas
também a lembrança de um tempo.

Seremos "V",
os “V-ivos” sem “V-itória,

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depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...