segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Café no fim da tarde

I - Um recital sobre o tempo

Não acredito no verso que permanece.

O verso 
é tintura na mão do acaso,
é 
o termo 
que 
reverbera transformações para longe da mente que o intuiu. De fato, 
não acredito em nenhum tipo de permanência
sempre espero a dúvida que brota depois da última dúvida sanada. 

O tempo passou por mim quando eu voltava da Poesia
e me
disse 
que o texto precisava nascer, mas
que eu não tivesse pressa
que na pressa se morre 
que
é preciso aparar as arestas
e esperar - até quando...


II - Eu só quero o Não

O tempo das coisas ressoa no tempo das próprias coisas
e aprumam-se
em
seu limite de infinitas possibilidades frente as nossas marcas infinitas
e aos infinitos gozos
e as dores que nunca passam 
(em suas noites frias
e também infinitas).

O verso é infenso ao tempo, 
sua composição telúrica
seu devir-memória
é o registro 
do que nunca foi,
do que nunca vai; 
ele 
é o todo desejo
deslocado, 
imparcial, 
respirando entre as suas letras e os espaços.

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depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...