segunda-feira, 5 de julho de 2021

Das possibilidades

Dois pontos, toda história deveria terminar assim – preparando uma espécie de anotação, de acréscimo, para o tempo que virá. Todas as coisas voltam,
nada
e-fe-ti-va-men-te 
passa.
Todas as coisas perduram, como lembrança,
como tristeza, como sorriso, como amparo. Baltazar retorna,
talvez nunca tenha ido (ou estado?). As coisas nunca foram claras, apesar
de
claríssimas serem as possibilidades. Uma casa nova, um apartamento novo
e a promessa de um futuro em par.  
 
O tempo que passa atravessa as cidades – aproxima quem “desaproxima”. Toda vida,
sempre
tempo novo.
 
A casa nova. O mundo novo. A vida. 
A vida nova. A vida nova. A vida nova. O mesmo eu,
a mesma solidão que se esforça na busca de viver por três, 
por três tempos,
por três vidas.
Eu um só.
 
As coisas são como são até não serem mais. Parece óbvio, mas não é tanto. Nada é tanto, nunca é tanto, até ser. Há um limite para os planos,
para as expectativas, deixar-me boiando sobre elas é uma forma de ser infinito. Preciso aprender...
 
O tempo que chega é Silêncio e nele, como ensina Clarice, habitam todas as minhas marcas. Nele,
os passos de Baltazar
trazem a lembrança de uma vida pregressa – um tempo que jamais foi, mas
que sempre poderá ser. Nele,
neste silêncio repleto de lembrança,
reside o tenso sabor do Amor infinito. Ainda há tempo, tempo e vida. Somos infinitos até nãos sermos mais, até o silêncio-deus
nos consumir em mirra e silêncio.
 
Silêncio é o tempo que habito, tempo de espera
tempo de preparo,
tempo de tempo puro.
 
Baltazar retorna, foram as impossibilidades.

Nenhum comentário:

depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...