segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Da hospitalidade

                                            "a língua materna já é uma língua do outro"
                                                                   (DERRIDA, p. 79, 20021)*


O corpo,
tão refém das estradas
e tão passeio de solidão,
já não é um corpo - é para além dos espaços,
dos textos
dos beijos
da guerra
- um corpo só o é em relação infinita.

Nenhuma voz. 
De mim 
ressoa apenas as histórias gravadas pelo silêncio.
Eu sou
quem as ouve
quem as vive
como este poema - que não é somente texto, mas
também lembrança e futuro.

Meus passos encontram outros passos,
outros "Outros"
e os acolho para além de mim, sem poder.
 
Minha
estrada jamais foi minha,
ela é do outro
e do outro que também sou para mim.

Se no espelho "não-sou",
então,
como acolher quem é?

Em vão percorro,
em vão descaso,
em vão reflito,
em vão assinto.

Há um tempo para o Outro 
e eu não sei até onde consigo ir...

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depois  sem  dispôs, não-tempo;  passos  sem  paço, não-espaços; ví-vida...